Advogado diz que perícia apontou 70 'pontos de
obscuridade' na gravação da conversa entre Temer e empresário. Com isso, quer
agora que inquérito prossiga para 'provar a inocência' do presidente.
Por Mariana Oliveira, TV Globo, Brasília
Foto: Reprodução / Internet
O advogado Gustavo Guedes, que integra a
defesa de Michel Temer, disse nesta segunda-feira (22) que a defesa não vê mais
necessidade de o plenário do Supremo Tribunal Federal julgar opedido
de suspensão do inquéritoque
investiga o presidente.
Segundo ele, a
defesa contratou uma perícia própria que constatou 70 "pontos de
obscuridade" na gravação da conversa entre Temer e Joesley Batista, na
qual a Procuradoria Geral vê indício de cometimento, pelo presidente, de crimes
de obstrução à Justiça, corrupção passiva e organização criminosa. Na conversa,
oempresário
faz relatos de crimes a Temer, sem que nenhuma providência
tivesse sido tomada.
Guedes disse
que, como a defesa tem segurança de o áudio é "imprestável", quer
agora que o inquérito prossiga para "provar a inocência" do
presidente.
Ele deu as
declarações depois de ser recebido numa audiência de 15 minutos no gabinete do
ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo.
"Nós
contratamos uma perícia particular no final de semana. O Dr. (Antônio Cláudio)
Mariz [dono do escritório de advocacia que defende Temer] contratou uma perícia
em São Paulo. Nós nos sentimos atendidos com o pedido da perícia atendido e,
portanto, vemos a desnecessidade de suspender (o inquérito). O presidente a
partir do resultado dessa nossa perícia o presidente quer que essa situação
seja esclarecida o mais rapidamente possível. (...) O presidente quer dar essa
resposta ao país o mais rapidamente possível", disse Guedes.
Gustavo Guedes
afirmou que a única prova do inquérito contra Temer é o áudio e que, na
avaliação da defesa, o material é "imprestável".
"A defesa
do presidente contratou uma perícia e a perícia no final de semana verificou
que não havia 50, nem 14 pontos de edição, e sim 70 pontos de obscuridade no
material. Nós fizemos agora um pedido dizendo o seguinte: já que nós temos
agora o resultado de um trabalho que a gente confia, nós queremos que esse
inquérito se ultime o mais rapidamente possível. (...) O importante é que em
relação ao presidente a prova que há é o áudio, não há nada mais. E esse áudio,
segundo as perícias, é na nossa avaliação imprestável", disse.
Desistência
Na tarde desta segunda-feira, a defesa de Temer
protocolou documento no STF informando que desistiu do pedido de suspensão de
inquérito.
Segundo o
documento, com a decisão de Fachin de determinar a perícia, "a defesa
avalia estar satisfatoriamente atendido seu pleito". Com isso, afirma que
o pedido de suspensão de inquérito "acha-se prejudicado, por falta de
interesse processual".
"Como vem
repetindo publicamente, o presidente da República é o maior interessado na
rápida e cabal elucidação dos fatos. Por outro lado, não há dúvidas de que a
perícia nos áudios é questão preliminar, prejudicial em relação a quaisquer
outras diligências. Tanto que foi correta, imediata e urgentemente deferida por
Vossa Excelência, para que ela seja realizada prioritariamente. E, também, já
foi determinado prazo para as partes se manifestarem sob o futuro das
investigações, diz a defesa.
Após a perícia
ser concluída e as partes se manifestarem, a defesa poderá se manifestar pelo
arquivamento do inquérito, por exemplo, e a questão será julgada pelo plenário
do STF, mas não há previsão para isso.
Cármen
Lúcia
Nesta segunda-feira (22), a presidente do STF, ministra
Cármen Lúcia, determinou que o julgamento do pedido de suspensão do inquérito
aberto para investigar o presidente Michel Temersó
seja realizado após a conclusão da períciano áudio da conversa entre Temer e o
dono da JBS, Joesley Batista.
No último
sábado (20), Fachin decidiu levar a plenário o pedido de Temer para suspender o
inquérito. O áudio, gravado por Joesley durante conversa com Temer no Palácio
do Jaburu, em março, serviu de base para que Temer passasse à condição de
investigado por suspeita de corrupção passiva, obstrução à Justiça e
organização criminosa.
Inicialmente, a
tendência era de que o julgamento ocorresse já nesta quarta-feira (24). Segundo
Cármen Lúcia, foi o próprio ministro quem condicionou a inclusão do tema em
pauta após "concluída e juntada aos autos a perícia".
De acordo com a
presidente da Corte, o julgamento da suspensão do inquérito depende "do
integral cumprimento" da perícia. Cármen Lúcia diz que levará o tema ao
plenário assim que o relator, ministro Fachin, estiver habilitado a votar.
"A
gravidade e a urgência da deliberação do tema pelo plenário conduzem-me a
liberar a pauta. Quando o ministro relator avisar estar habilitado a levar a
questão, o pedido será julgado em sessão que será comunicada previamente aos
ministros deste tribunal", afirmou a presidente em decisão de 12h50, e que
foi divulgada por volta das 15h.
Relembre o caso
A investigação teve início após Joesley Batista gravar
um diálogo com Temer no qual, de acordo com a Procuradoria-Geral da República,
o presidente dá "anuência" a uma mesada do empresário ao deputado
cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo Joesley, o dinheiro seria para comprar
o silêncio do peemedebista, preso em Curitiba pela Operação Lava Jato.
A polêmica
sobre a veracidade da gravação teve início após publicação pelo jornal
"Folha de S.Paulo" de reportagem que apontava indícios de que o áudio
havia sido editado. A defesa da JBS negou que o áudio da conversa tenha sido
adulterado.
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